Ex-mulher descreve "grande ansiedade" de Rui Verde
Isabel Pinto de Magalhães, que está a ser julgada na Relação de Lisboa por um crime de branqueamento de capitais e dois de falsificação de documentos, foi hoje ouvida, como assistente, no julgamento do caso principal da UNI, que tem como arguidos Rui Verde, Amadeu Lima de Carvalho (accionista da SIDES-empresa detentora da UNI), o reitor Luís Arouca e o advogado Diogo Horta Osório, entre outros.
Sentada no banco dos réus no Tribunal de Monsanto, Lisboa, está ainda a irmã da juíza, a arguida Maria Manuela Ferraz, que responde por um crime de branqueamento de capitais.
Isabel Pinto Magalhães disse que começou a perceber que as "coisas não estavam a correr bem" para Rui Verde em 2005, já depois da construção do pólo da UNI em Angola, contando que o então marido não saía de casa e revelava "grande ansiedade".
Após insistência sua - disse - Rui Verde desabafou que tinha problemas com os angolanos responsáveis pelo projecto em Angola, os quais estavam a "tomar o poder" na UNI em Lisboa, havendo também conflitos com Amadeu Lima de Carvalho, accionista da SIDES que cedera os seus créditos da UNI aos angolanos.
Numa das anteriores sessões de julgamento, um responsável da empresa de construção Teixeira Duarte relatou em tribunal que recebeu de Rui Verde um cheque "careca" de 500 mil euros para pagar as obras do pólo da UNI em Angola, não tendo essa dívida sido até agora saldada.
A juíza referiu que na altura indicou a Rui Verde que falasse com o advogado Diogo Horta Osório para que este tentasse resolver os problemas do marido, pois os angolanos reclamavam os créditos de duas formas: cedência do capital social de Rui Verdes na SIDES ou entrega por parte deste do património imobiliário de que o casal era titular, incluindo uma moradia em Santo Estevão.
Segundo a juíza, Amadeu Lima de Carvalho, que inicialmente tinha uma relação de "submissão" para com Rui Verde, tornou-se ao longo dos anos credor do ex-vice-reitor em mais de três milhões de euros, por via de um esquema de agiotagem montado em redor de empréstimos com juros que variaram entre 100 e 20 por cento ao ano.
Na sessão de hoje, Isabel Pinto Magalhães tentou explicar as razões pelas quais dois cheques de Rui Verde com dinheiro da SIDES - um de 10 mil euros e outro de 30 mil euros - entraram numa conta bancária de que era a única titular. A juíza justificou com despesas relativas às primeiras prestações da compra de um apartamento em Espanha.
Isabel Pinto Magalhães está a ser julgada por um colectivo do tribunal da Relação de Lisboa, presidido por Ricardo Cardoso, num caso extraído do processo principal da UNI, relacionado com a dissipação do património que o casal adquiriu alegadamente com dinheiro desviado da UNI.
No processo principal estão em causa crimes como associação criminosa, fraude fiscal, abuso de confiança, falsificação, corrupção e branqueamento, entre outros ilícitos.
A Universidade Independente foi encerrada compulsivamente por ordem do Ministério do Ensino Superior.